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Partimos para Alfama com algumas perguntas iniciais. Onde está o fado em Alfama? Como é ele? E antes disso: haverá de facto fado em Alfama? Para nossa surpresa, as primeiras respostas que obtivemos foram rotundamente negativas. Primeiro contacto: almoço com o Vitalha (na altura, para nós era ainda o Victor). Cerca de 30 anos. Vive em Alfama. Nasceu lá. Aparece bem vestido, fato completo, colete e gravata.
E com aquele ar malicioso, desenrascado, espertalhão, que de boa vontade se associa ao personagem característico dos bairros populares de Lisboa. O ar « gingão » - dizia ele de si próprio, meses mais tarde, em animada conversa. O Vitalha está plenamente disposto a ajudar (« embora tenha pouco tempo... »: é árbitro de futebol, tem os fins-de-semana sempre ocupados). Mostra a sua aprovação por termos escolhido o bairro de Alfama como centro de interesse para o nosso estudo.
E surge de imediato o termo de comparação: o Bairro Alto. Esse já não seria bom porque... « Não tem nada!... A não ser aquilo que se sabe... » Ou seja, é « muito ordinário » para nós. O tema da forte identidade colectiva bairrista e da rivalidade com outros bairros lisboetas é uma constante que se nos foi deparando em Alfama. Ainda lhe faremos referência. Veja-se para já, a este respeito, o trabalho de João Catarino e Madalena Pereira sobre os Santos Populares em Alfama e as descrições das cenas de pancadaria das « púrrias » dos bairros alfacinhas em Alfama - Gente do Mar, de Eduardo de Noronha.